sábado, 30 de março de 2013

Sábado à noite- pt. 2

Eu não sei. Eu não sei o que sou, onde estou,para aonde vou ou o que estou fazendo. Não sei se vou, se fico, se sou alegre, se sou triste, poeta ou apenas um escritor ordinário. Não sei se pertenço a lugar algum ou a alguma coisa. Não sei direito o que sou, o que fui, ou a aonde vou chegar. Só o que posso dizer é que me sinto cada vez mais só e confuso, com um espaço vazio me tomando cada vez mais o peito. E assim sigo. Não sabendo, não sendo, não estando. Sigo seguindo.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Então, é natal.

Não gosto de contagem de presentes, de ceia, de Roberto Carlos na globo; também não gosto de gente vindo a minha casa fingir de conta que realmente se importa, ou mesmo do momento em que o tal do 'espírito natalino' se manifesta por todos- e vale a pena ressaltar que isso só acontece por alguns minutos no ano todo. Não gosto de canções natalinas, de bebezinho na manjedoura,  de reis magos, de estrela brilhante no céu. Não gosto. Eu não gosto do natal. Sério, de verdade!
Honestamente, tenho um enorme pesar em dizer tais palavras. "Eu não gosto do natal", para mim, não soa como a maioria dos rebeldezinhos de internet acha: não quero parecer diferente, nem acompanhar a atual maré de críticos cínicos que vem inundando as redes sociais, tampouco chocar os meus pais (ou qualquer pessoa ao meu redor). Na verdade, eu me sinto como se tivesse traído a mim mesma ao dizer isto.Lembro de uma menininha loura de cabelos cacheados que amava o natal: a comida, o sentimento, o ato de esperar ansiosamente pelos presentes, olhar a mesma árvore com os presentes que papai noel trouxera à noite. Ela gostava muito de tudo o que acontecia antes, durante e depois do natal (menos as músicas- estas ela sempre odiou!). Achava mágico, feliz, parte dela. Os anos passaram, os cabelos desta mesma menininha se alisaram e avermelharam, e ela aparentemente começou a ver as verdades do mundo ao seu redor. Não digo que este seria o principal motivo para odiar o natal- afinal, ainda existem pessoas que sabem de como o natal é hipócrita e ainda gosta dele!- mas também não foi nenhum fator que jogasse a favor do ditocujo, não é verdade? Sendo isso ou não, eu ainda não me sinto bem com o fato de não gostar de uma época que já me rendeu memórias que eu espero que guardarei até os meus meus últimos dias (se o Alzheimer me permitir, claro). Tenho medo que isso me faça perder a criança sonhadora que eu tenho (ou tinha) dentro de mim.
"Não é  possível que você odeie tudo no natal", alguém pode pensar ou me perguntar (embora eu ache difícil, já que tem muita gente que gosta de dizer que o odeia, né?). Na verdade, não. É o que ainda mantém a minha esperança de não virar destas vadias cínicas que mudam tudo na vida depois dos 30. Eu simplesmente sempre fui apaixonada pelas luzes. E pisca-piscas, animaiszinhos brilhantes, qualquer coisa com luz ou qualquer decoração natalina (desde que seja bem pagã, ou que mude todos os conceitos normais do natal) , obviamente, sempre me intrigaram e eu sempre senti vontade de sentar e passar horas ali, quieta, olhando. É, talvez eu ainda tenha salvação. Assim espero.

Um feliz natal a todos que gostam ou não dele, e aos que gostam ou não de gostar dele também.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Reencontro


Era apenas mais uma manhã cinza que, (in)felizmente, tomara conta da cidade nos últimos dois dias. O céu  tinha um ar pesado que me aliviava, já que fazia tempo desde a última vez em que o sol não me ardia as têmporas de tão brilhante que estava. O dia corria lento: deveria trabalhar, mas o acaso me impediu, então tive de gastar tempo tomando café com uns amigos.
Foi quando a vi. Na verdade, a vi de novo: os longos cabelos negros continuavam brilhantes e repousados sobre as costas, os mesmos olhos transparecendo benevolência e o sorriso encantador. Ao me ver, ela sorriu, exclamou meu nome e me tomou num abraço longo e apertado, em que eu pude sentir seu cheiro- o doce perfume característico das manhãs de sexta-feira deste semestre tão longo. Era uma ex-professora minha, que me incitou a responder "Por que Belle não era nota 10" e uma das mulheres mais inteligentes que já conheci. Tenho um sentimento tão esquisito por ela! Ainda não sei se a amo ou se a venero, ou se apenas almejo um dia ser, ao menos, parte da pessoa que ela é.
descrevê-la ou mensurá-la em palavras é uma tarefa que ainda não consegui cumprir.
- Como você está? Que texto lindo que você escreveu! gostei, de verdade! Eu nem pude te responder...- Ela se virou para uma moça que estava ao seu lado e repetiu. -Ela escreveu um texto tão lindo ...
Eu não escutei mais nada: a vergonha já havia me tomado as pernas e a capacidade de falar.
-Ela tá morrendo de vergonha! - Eu já deveria estar da cor dos meus cabelos. Foi o que eu disse, até. Com a voz tão trêmula que mal pode ser ouvida por mim mesma.
-Sabe que desde que eu a conheço ela tem o cabelo dessa cor?- Ela se virou de novo para a moça e com ela saiu, falando mais algumas coisas que eu sabia que eram sobre mim mas não tive coragem de tentar saber. Nem vontade.
Vê-la havia tornado o meu dia tão leve! foi como se o sol tivesse reaparecido e iluminado docemente o dia, sem me atormentar como de costume. Por isso ainda não entendo o que eu sinto por ela, nem o que ela faz com as pessoas ao seu redor. Acho que ela é dessas pessoas que não se mede, sabe? Ou que não se quer medir. Bom, ao menos percebi que não quero.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Algo que transmite um atual pensamento contínuo.



J'sais pas comment c'est arrivé
J'sais pas si c'était toi ou moi
Je sais juste que c'était nous
Et notre nature sauvage

Volontairement kidnappée
Délibérément traînée
Décidément arrachée
Pendant que tu coules entre mes jambes

J'sais pas jusqu'où ça ira
J'sais pas si un jour nous pourrons dénouer
Cette grande folie, ou peut-être juste le destin
Est qu'on veut se délier

Je dis tout ça en faisant la moue
Je dis tout ça tendrement
Mais je ne parle pas français
Je ne parle pas français

sábado, 20 de outubro de 2012

Uma breve descrição do indescritível

Olha por sobre os óculos
Sorri
E me salva da agonia de passar alguns incontáveis minutos distante.

And here it comes again.

O sorriso indefectível que me tira o ar e as preocupações do dia. Os lábios que me fazem esquecer do mundo lá fora. O cheiro, inconfundível entre todos os outros no mundo, que no final do dia permanece preso a mim. O corpo que me abraça e me toma a vontade de me mexer e de explanar a minha hiperatividade constante. Os olhos, ah os olhos! Não consigo definir a cor, nem o quanto me sinto bem ao olhar pra eles. Tudo nele me faz pensar cada vez mais nele o quanto eu fui incompleta ao me privar de tal presença por todo esse tempo. Minha enorme insegurança me impede de dizer isso claramente, mas não de demonstrar : eu estou cada vez mais presa e apaixonada por ele. Tanto que nem consigo externalizar completamente por palavras. Ah, droga. E lá vou eu de novo.

Por que Belle não é nota 10?

Uma professora minha, antes de fechar as notas, disse que me daria um 9 e me perguntou por que eu não sou nota 10. Conversamos e, mesmo que tarde demais, resolvi escrever este e-mail a ela:

"Cara professora,

Provavelmente as notas já foram fechadas, mas eu me senti obrigada a lhe escrever esse e-mail. Passei as últimas horas pensando no que conversamos e tentei traduzir a conversa para um pouco da minha vida. Na escola, sobretudo em inglês, português ou história, 'ser 10' era uma tarefa muito difícil: quicava entre nove-vírgula-oitos e nove-vírgula-noves e nunca segurei um dez (ao menos, até o terceiro ano). Quando finalmente respirava para ver o meu erro, era sempre a mesma coisa: algo pequeno demais para não ser evitado, se não fosse a minha incontrolável afobação. Reparei também que sempre tive essa mania insana: falo rápido demais, me mexo rápido demais, digito rápido demais. Como já disse antes, me atropelo e acabo por entreter entes queridos e (des)conhecidos. Não culpo os que realmente gostam disso, mas me sinto um tanto quanto frustrada. A minha intenção não é deixar todos ao meu redor talvez até atônitos com o meu modo de ser, só queria me comunicar. Me veio à cabeça a estúpida metáfora de que os meus textos seriam um trem-bala que produz um barulho alto e confuso- e gostei disso. Quem sabe não seria esse o termo apropriado para o meu tipo de escrita? Por sinal,me senti honrada quando a senhora disse que gostava dos meus textos- como pode alguém gostar do barulho ensurdecedor de um trem-bala? A própria 'maquinista' o odeia!
"Ora, Belle, deixe de besteira e responda logo de uma vez!", não paro de dizer a mim mesma. Afinal, é para isto que estou escrevendo, certo? Pois bem.
Acho que o principal motivo para não ser 10 seria essa tal rapidez. Já disse que realmente não gosto disso, e venho trabalhando a respeito.Entendo que isso acabará por ser prejudicial a mim mesma quando tiver de escrever os infinitos textos acadêmicos feitos nas formas já moldadas há tanto tempo na universidade em que vivo (não estudo, nem trabalho:vivo mesmo, passo mais tempo lá do que em casa, e às vezes sinto que a minha família de verdade também está lá)e que me serão intensamente cobrados. O 9 me sai justo porque acho que devo trabalhar mais nisso. Estou tentando ao máximo agora, nesse exato momento estou tentando  cuidadosamente pensar no que escrevo e como escrevo (mas ainda assim acho que vai sair um tanto corrido). E também por que sou um fracasso total em fichamentos e em ficar quieta na aula! (a respeito da minha inquietude, preciso explicar, era puramente por eu amar incondicionavelmente a sua aula e como ela me fazia chegar perto do que poderia ser eu mesma, certo? peço desculpas por isso.)
Espero ter sido o mais clara possível. Obrigada por tudo, professora, espero vê-la mais vezes durante o resto dos meus dias na UFBA- e fora dela.
Atenciosa e carinhosamente,
Belle Lima."

Resolvi postar aqui puramente por fazer- e por demonstrar a minha ansiedade pela resposta, ainda não dada. Acabei de escrevê-lo, e espero que ela me responda o mais rápido possível.


E sigo esperando.